Sombra: Parte 3
- Tylly
- 26 de out. de 2015
- 3 min de leitura

- Onde estou?
- O que aconteceu? Minha mente não para de pensar, não consigo abrir os olhos, aí, não consigo mexer meus braços, o que é isso?
Aos poucos, vou tomando consciência do que está acontecendo, consigo finalmente depois de muitas tentativas abrir meus olhos, estou num quarto branco, com uma janela no alto da parede.
-Espera! Essa janela tem grade, começo a formular melhor meu pensamento e olho para meu corpo, estou numa camisa de força? Não é possível? PAI! PAI! Cadê meu pai, o que foi que aconteceu? Porque estou aqui? Não me lembro, não me lembro.
Vejo que o quarto possuí somente uma cama, sento, tento lembrar do que aconteceu, mas na minha mente só vem o escuro, nada, não lembro de nada, mas, pera, lembro de estar conversando com meu pai, de dizer do meu medo das coisas que estão se passando comigo, e lembro dele dizer que... Há passos, alguém está vindo, deixa eu deitar, não quero que ninguém saiba ainda que acordei, tenho que descobrir, como vim parar neste lugar. A porta está abrindo e de repente, ouço uma voz, um homem chega perto de mim e fala: E aí bela adormecida, já era para estar acordada, o doutor vem falar com você. Vamos lá, princesa, vamos, levante. Não sinto uma reação amiga desse cara, mas para não passar por apuros, mais do que já estou, é melhor acordar.
Olho para ele com o ar de quem não está entendendo nada. Ele pega no meu rosto e fala: "- Bem, parece grogue mas dá para falar". E logo percebo ele tirando a camisa de força e falando: "-Não vá me atacar, como você fez com o seu velho, ele ainda deve estar se recuperando". - Como assim eu ataquei meu pai? Não tem condição, eu o amo, e ele tem mais de dois metros e eu tenho um metro e sessenta de altura, como assim? Não, você está mentindo. Começo a ficar nervosa e ele percebe e vai logo dizendo ríspido: - Se continuar coloco a camisa de novo. Me acalmo, não quero voltar a usar aquela coisa. Quando percebo entra no quarto um senhor no alto dos seus cinquenta anos, cabelos brancos, olhos pretos, ele parece uma boa pessoa, olha para o outro cara, que agora deduzi que seria o enfermeiro e diz: - Pode sair Roberto, percebo que não precisarás ficar aqui comigo. O enfermeiro sai contrariado, mas eu, sinto um alívio enorme de não o ter por perto.
- Olá Rosy! Diz o senhor, eu ainda sem entender o que está acontecendo e com medo, falo ressabiada:- Boa noite, doutor?- Ah, desculpa, me responde ele, sou o doutor João.
-Você sabe onde você se encontra Rosy? Perguntou ele, e eu como uma menina assustada, respondi: - Não, não sei, porém, acho que estou em algum tipo de manicômio.
- Bem, não é um manicômio é um Hospital Psiquiátrico, sim, você está. E você lembra o porquê de estar aqui?
Nesse momento ele me pegou de jeito, não me lembro de nada, desde que estava conversando com meu pai, mas não queria me estender nas respostas então só respondi: - Não, não lembro doutor. Ele continua a me olhar calmo, e com paciência vai dizendo: - Bem, não vou esconder as coisas de você, está aqui a mais ou menos dois meses, não houve sedação, você ficou desacordada em na maior parte do tempo, quando acordava dizia que era DION, que queria vingança, que você o tinha chamado, e tentava atacar os enfermeiros, normalmente o Roberto não entra aqui sozinho, mas desde ontem, percebemos que o seu sono está melhor, então, ele me pediu para entrar sozinho. Alguma pergunta?
- E o que fiz para vir para cá? Ele pelo que percebi já sabia a que eu iria dizer isso fala: - Você não lembra? Você atacou seu pai, quase o sufocou, mas os policiais chegaram a tempo, precisou oito homens para lhe segurar, e você falava sempre, vou acabar com ela, ela me chamou aqui. Seu pai tentou lhe acalmar, mas na delegacia, você tentou se matar duas vezes, então com a autorização de sua família, você foi trazida para cá.
Minha cabeça rodava, não me lembrava disso, como consegui fazer essas coisas? Me levantei e olhei para o médico, e pela primeira vez em muito tempo, fui totalmente racional e falei: - Doutor, não estou louca, alguma coisa está acontecendo, faz, mais ou menos, dois meses que tenho tido sonhos estranhos, com algo escuro e essa escuridão fala comigo, diz que vai me destruir, e que eu que o chamei.
- Mas eu não tenho ligação com nenhuma seita, e nem acredito nessas coisas, o médico olhando diretamente nos meus olhos, se levantou e ficou de frente para mim, e, encostando no meu ouvido e o som que saiu foi: - Pois devia acreditar.
CONTINUA....
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