Sakura que se foi...
- Tylly
- 20 de jul. de 2020
- 3 min de leitura

Dia 18 de julho um dos maiores talentos da televisão, teatro e cinema japonês se calou para sempre. Eu pensei muito sobre escrever sobre isso no blog, mas, a sensação quando soube do que tinha acontecido com Haruma Miura ainda está me assombrando e meu coração ainda doí. Essa sensação não sentia a muito tempo, segundo minha melhor amiga é porque tenho passado por muito nesses tempos, e sim acho que isso tem que ser levado em conta, mas, também acho que é porque o Miura foi um dos meus primeiros ídolos japoneses que não estava ligado a anime, mangá, ou, esportes.
Falar sobre depressão é algo que normalmente não se fala sem ser na campanha contra o suicídio que acontece uma vez ao ano no setembro amarelo. Porém, a depressão está aí e a cada dia os casos de pessoas que são diagnosticadas com a doença aumentam. O Japão é o país com maior índice de suicídio no mundo, muitos colocam que a forma de “viver” do povo nipônico pode ser o fio desencadeador dos suicídios, pois, viver na sociedade japonesa, você sempre tem que lutar para ser perfeito, trabalhar para não depender de outros, sim, eles são poucos abertos a sentimentos.
Então as pessoas sensíveis sofrem quando não podem se abrir para outro, porque, para o japonês a individualidade tem que ser respeitada, então a cobrança e a “honra” pode ser muito, ainda se tem um tabu não somente no Japão, mas, no mundo para se falar sobre doenças de caráter mental, porém, precisa-se falar de depressão, ansiedade, etc. Ao falar pode salvar vidas, claro não se vai expor casos de suicídio, mas, mostrar que essas pessoas não estão sozinhas para enfrentar os monstros que os atormentam silenciosamente em sua cabeça é um bom começo.
No meu caso tenho depressão, sim já pensei e já tentei suicídio, mas, tive ajuda para não cometer o ato, sim o suicídio não é somente um ato de acabar com a vida, ele pode ser feito aos poucos, de forma de deixar de viver e só está a casca vazia. Os suicídios indiretos, muitas vezes, escondem as depressões que existem nos seres, até admitir que você não quer mais viver é um caminho longo, que nem sempre é descoberto a tempo.
No caso do Miura fico pensando a dor que estava sentindo, quando achou que a única alternativa era essa para acabar com essa dor, não vou julgá-lo nunca pelo que fez, pois, sei que a dor é inexplicavelmente forte e que naquele momento foi o que pensou em acabar com ela. Os antepassados ajudem na próxima vida, no mundo espiritual. O que resta é lembrar do sorriso e da voz calma e linda.
E que faz pensar que nem sempre quando alguém aparenta estar bem, ele vai tá bem, as máscaras sempre podem esconder as dores. Depressão não é uma tristeza simples, é algo mais profundo e que leva todo dia uma luta diária contra você mesmo. Alguns vivem a vida com ela e outros não conseguem, os monstros vencem.
Lembre-se que a vida é preciosa, mas, não julgue quem tem depressão, ou, quem não aguentou essa dor e viu somente um caminho a seguir, ajude os que pode ajudar e reze pelo espirito dos que não conseguiram. O suicídio não é um crime é um ato de desespero, um momento que quem sofre só pensa em terminar a dor. As pessoas que procuram a razão porque um rapaz de 30 anos, bem sucedido desistiu de tudo, não pense, pois, só ele sabe que dor ele carregava.
Em um mundo que ser humano é tão complicado, iniciar um diálogo sobre depressão sempre é um caminho para conseguir vencer, um dia de cada vez.
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