Ideal olímpico uma realidade ainda nascente no Japão atual: Quando o machismo é colocado em prova.
- tyllys
- 10 de ago. de 2021
- 3 min de leitura

Voltamos com mais uma reflexão das olimpíadas de Tokyo 2020/21. Foram quinze dias que atletas de todo o mundo competiram pela glória, mas, o que se observou também foi uma realidade paralela ao mundo externo dos muros da vila olímpica. Começando pelo fato de que quando os jogos tinham como lema a diversidade, igualdade entre gêneros, o Japão tem passado por um grande desafio, o de colocar em prática o que eles dizem no papel, que é uma nação tolerante.
O Japão passou por várias mudanças sociais nos seus quase cinco mil anos de história. Dos nascentes povo Jamon até a constituição idealizadas pelos americanos em 1948 depois da Segunda Guerra Mundial. De quando as mulheres comandavam como no período Yayoi com a rainha Himiko, ao relato no período Heian quando a casa matriarcal era tão importante quanto a patriarcal, na verdade os filhos tendiam ficar mais “apegados” a famílias das mães. Até os samurais, que as mulheres poderiam lutar tanto quanto os homens, apesar que algumas nobres sim viviam o papel da mulher submissa ao marido, nas elas tinham direitos.
Voltando-se para outro ponto, o Japão via a homossexualidade como algo normal até a entrada dos ocidentais no final do século XIX, com a abertura dos portos e o pensamento do imperador Meiji querendo tirar o Japão da “selvageria” adotou na sua constituição dizeres de países ocidentais, machistas e patriarcais, caso EUA, França e Alemanha. Assim as mulheres foram oficialmente colocadas em uma posição igual a mulher ocidental, aquela inferior ao homem, a que tem como papel principal social de procriar e cuidar do lar. Assim as mulheres passaram adotar o sobrenome da família do marido ao casar perdendo sua identidade com a casa de nascimento, enquanto os componentes da comunidade LGBTQIA+ foram reduzidos a “anomia” social.
Hoje em pelo século XXI enquanto as leis de igualdade entre gêneros e sexualidade tem ganho não somente respaldo, mas leis que para que seja colocada em prática em diversas partes do mundo, o Japão está passando pelo primeiro real desafio de mudar o pensamento chamado tradicional. Uma ação movida pela associação de advogados nipônicos e acatada pela corte nacional (juízes) declarou ilegal impedir a união de pessoas do mesmo sexo, ainda não é uma lei que cria o casamento homoafetivo, mas é um passo, por que na realidade faz com que as prefeituras aceitem inscrições de famílias tendo um casal homoafetivo[1]. Enquanto um grupo de mulheres lutam para manter o seu nome de solteira depois de casar, a luta feminista no Japão não é nova, porém agora que está ganhando força. Quando ela toma o nome da família do marido para si, a mulher acaba perdendo sua identidade individual, o que a coloca no papel determinado para ela ainda na Era Meiji, o que em sua grande maioria hoje no século XIX não aceita.
Por fim o que se observa que apesar das mensagens e tentativa de mostrar que é um país que preza a diversidade e igualdade entre gêneros nas olimpíadas, o Japão real ainda está engatinhando quando falamos sobre leis que tragam real a diversidade e igualdade de direitos para as minorias 60|no país. Mas não quer dizer que a população comum pense igual aos seus legisladores, uma pesquisa realizada em 2020 pela NHK mostrou que 80% da população concorda com a união homoafetiva e que 60% não ver problema na mulher manter o nome da família quando casar. Agora precisa a Dieta ouvir a população e de ideal olímpico esse processo de igualdade e diversidade passe a ser o real do Japão,
[1] Quando se muda para uma província no Japão você tem que se inscreve na prefeitura local, para que seus dados possam ser colocados no sistema de pessoas residentes na cidade, normalmente isso acontece também por conta de assistências como saúde e social. Você registra o nome da família lá serve como comprovante de “casamento” também.
Comments