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O ser mulher além da construção social: somos mais que um corpo que reproduz.

  • Foto do escritor: tyllys
    tyllys
  • 8 de nov. de 2021
  • 4 min de leitura


Ser mulher e viver em um mundo formado por uma consciência machista e patriarcal é viver em amarras invisíveis desde a concepção até a morte. Por que consciência machista e patriarcal? Pelo simples fato que mulheres também cometem atos machistas contra outras mulheres. Quando elas julgam outras mulheres por terem sido estupradas, por exemplo é uma reprodução da fala machista, quando critica o peso de outra mulher é um ato que homem machistas comentam, esses dois exemplos são a simples amostra do comportamento social. Como quebras essas amarras, quando se está cercado(a) por julgamentos vinte e quatro horas? Ser mulher vai muito também da aceitação, da compreensão que o ser feminino é mais do que o papel atribuído a ela na sociedade, mais do que o gênero no qual foi gerado.


Beauvoir (1974) diz que não se nasce mulher, faz-se mulher. Quando a criança é concebida e o sexo é determinado a partir daí a menina já passa por toda a construção, roupas rosas, laço, brinco, brinquedos para meninas, tem que se comportar doce, meiga, calma. Por que pela norma social a mulher é o ser meigo que protege a família no interior do lar, também a responsável por gerar os descendentes. Quando chega na adolescência a menina tende a se enfeitar, igual pasmem o pavão macho, que para atrair as fêmeas tem penas coloridas e lindas, assim acontece com as adolescentes, precisam seguir um certo comportamento para torna-se “desejável” pelo sexo oposto.


E aquelas que não seguem essa norma? Não entram no padrão? São as “anomias” dentro do mundo desejável. E tentam a todo custo entrar nesse modelo, as que não conseguem muitas vezes entram em um campo perigoso de dietas, tentativas de modificação do corpo para tentar se adequar. Uma pergunta a se fazer, elas são felizes? Em sua maioria não, pois quando você cria um avatar para viver no mundo exterior, o seu verdadeiro eu, fica escondido em dentro do seu subconsciente, pronto para explodir, isso muitas vezes aparece em forma de depressão. Mulheres adultas se tornam também frustradas, pois não conseguem seguir o que a sociedade diz e não conseguem ser felizes, pois não são elas mesmas.


Mas existem aquelas que conseguem “quebrar as amarras”, através de uma desconstrução do que é ser feminino. Assim vem as feministas, que não são um grupo homogêneo e não lutam somente por uma coisa, o feminismo é formado por vários “braços” e nos quais estão inúmeras problemáticas que são colocadas na frente das mulheres, para como uma cebola possam tirar camada por camada até chegar ao verdadeiro ser feminino. Assim a mulher passa a enxergar um ser fora do parâmetro social, um ser humano com um sonho, com um pensamento e um corpo totalmente diferente do outro. Tem as que querem casar, ter filhos, mas também querem ser independentes tem as que querem ser mães de gatos somente, mas todas procuram ser reconhecidas por serem pertencentes a espécie homo sapiens sapiens e não como uma fábrica de gerar filhos.


Mesmo sendo feministas, mesmo sendo pesquisadoras, as mulheres precisam sempre lembrar da luta por igualdade, pois, num mundo onde a cobrança se faz presente todos os dias. E todos os dias se ouvirá: você engordou né? Quando vai casar? Já teve filhos? Por que não quer casar? Vala ainda tá solteira? E perceber que mesmo tendo talento, sendo inteligente, mesmo depois que você morrer ainda vão lhe julgar por de certa forma não ter seguido o “padrão social” desejado. Há três dias Marilia Mendonça uma cantora com uma voz poderosa, uma moça de 26 anos, faleceu em um acidente aéreo, ao fazer o obituário um grande jornal brasileiro, ao invés de destacar a voz poderosa da cantora que em tão pouco tempo arrematou multidões, focou no peso, como se mesmo não estando de acordo com o que a sociedade acha do corpo aceitável conseguiu fazer sucesso, o que o corpo dela tem haver com o talento? E Sim ela tentou entrar no “corpo ideal” pela sociedade, principalmente depois que se tornou mãe.


Marie Curie uma das maiores cientistas de todos os tempos, ficou a sombra do marido durante muitos anos, mesmo depois da morte do mesmo, teve que lutar para conseguir ficar no lugar do marido na cadeira dentro da universidade, pois, não era aceitável uma mulher ocupasse o cargo, sendo que essa mulher foi prêmio Nobel de física em conjunto com seu conjugue Pierre Curie. Com muita luta assumiu a cadeira, ainda lutou para conseguir entrar na Associação Internacional de Ciência, sendo a única mulher presente, mas durante muito tempo ela ainda viveu a sombra do marido, mesmo sendo Nobel de química e física. Por fim a desconstrução da sociedade machista e patriarcal tem que ser feito tanto por leis que deem a igualdade entre os gêneros, como uma reconstrução social do que é ser mulher. E isso só acontece através da educação, por isso ter meninas dentro da academia, ter mulheres falando de mulheres e por fim ter mulheres formulando leis para mulheres é que teremos menos mortes pelo simples fato de ser mulher, poderemos ver escrito que falam sobre o talento e não o corpo da mulher, poderemos ter mulheres empregadas e não demitidas pelo simples fato de ser mulher. Ou seja, teremos uma sociedade de fato e direito democrática.


FONTE:

BEAUVOIR, SIMONE. O segundo Sexo. Rio de Janeiro. Ed. Nova Fronteira. 2008.

FOCOAUT, Michel. A história do Sexo: A vontade do Saber. São Paulo. Ed. Paz & Terra. 2014


 
 
 

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