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"Uma batalha todo dia": Um universo chamado boy love um soldado chamado fujoshi.

  • Foto do escritor: tyllys
    tyllys
  • 31 de ago. de 2021
  • 3 min de leitura


Em um mundo mais do que polarizado tem-se as minorias a procura de um espaço de visibilidade por suas lutas. Assim encontram-se as fujoshis e todo o universo boy love, pois dentro de um mesmo espaço você encontra inúmeras lutas, as das mulheres que procuram desvencilhar-se das normas sociais que são impostas, a comunidade LGBTQIA+ em suas lutas por reconhecimento e direito de ser eles mesmo e viver. Segundo Durkheim (2002) o homem precisa se adequar a sociedade para que está funcione corretamente, pois a sociedade funciona como um corpo humano, ou seja, cada um tem sua função e quem não se adapta essa “ordem” é uma anomia. Seguindo esse pensamento as mulheres e os gays, grupos que se misturam dentro do universo boy love, são grupos que devem ser readequados ou banidos da sociedade.


Mas o que se observa não é um “banimento”, mas uma forma velada de calar esses grupos e ao mesmo tempo passar a imagem para o senso comum que são desviantes. Assim temos em alguns pensamentos sociais que conteúdo boy love “desvia as mulheres”. Essa tática é utilizada para que as mulheres se voltem para as amarras e a sua segundo a sociedade machista e patriarcal elas são inferiores aos homens intelectualmente e fisicamente. Para Saffioti (1987) a identidade social das mulheres, assim como a do homem, é construída a partir de papeis distintos papeis que a sociedade espera ser cumprido pelas diferentes categorias de sexo. Assim vemos que ser gay para os homens e fujoshi para as mulheres é uma inadequação de seus encargos dentro da sociedade.

Ao olhar para o surgimento do Yaoi no fim da década de 1960 ver-se que o mesmo se tornou popular quando as mulheres também estavam procurando lutar pela igualdade (nesse momento sexual) perante aos homens e os membros da comunidade LGBTQIA+ começam a lutar por seus direitos, várias manifestações ocorrem depois da “rebelião de Stonewall Inn” conflito que aconteceu em 1969 em Nova York, contra os abusos da polícia de Nova York contra os membros da comunidade. O yaoi no início foi escrito por mulheres héteros para mulheres héteros porém alcançou a comunidade LGBTQIA+ pois a mesma se sentiu representada nas histórias. E as mulheres ao ler e construir narrativas viram-se nesse espaço um caminho para afrouxar ou mesmo se libertar das normas impostas para sociedade em um tempo que o mercado de trabalho e a sociedade tinha para ela a posição de criadora, procriadora e “do lar”.


Da Matta (1986) diz que a sociedade delimita o espaço de ocupação do homem e da mulher, sendo o primeiro externo e o segundo interno. Isso coloca a mulher na posição da que comanda o lar, enquanto o homem vive o exterior com todas os seus contrastes. Quando a mulher através do boy love começa a reconhecer sua sexualidade e impor-se sobre o que outros querem que seja o certo para ela, vem o preconceito e tentativa de amarrar ainda mais as cordas. Mas quando mais a opressão em forma de preconceito e quanto mais limitam as atuações, mas o boy love e as mulheres encontram um novo caminho para continuar a luta por direitos e aceitação. Em 2021 os conteúdos boy love se tornaram um campo lucrativo para alguns países, o Japão em relação a mangá tem o mercado que mais ganha e é estabelecido como potência mundial no gênero, no país fujoshi são como consumidoras quaisquer, mas na China apesar do lucro das empresas com doramas “bromance” baseado nas novels boy love, o país ver o conteúdo como algo que pode “desviar” as mulheres. Lembrando que na China a homossexualismo não é considerado crime e deixou de ser considerado doença em 1997. Mas ainda é colocado como algo fora da “boa moral”, isso lembra o ocidente sua norma social machista e patriarcal. Porém mesmo agora quando a censura tende a ficar mais pesada em todos os setores de mídia no país asiático devido a ações que manipularam opinião pública, um anime yaoi japonês teve seu trailer passado na maior plataforma social do país. Isso porque o lucro ainda fala alto, mesmo que do outro lado se puxe a corda da repressão.


Porém quanto mais tentam "prender" mais esses grupos continuam a lutar e vencer as batalhas, ainda se tem muito a caminhar, num mundo onde velhas ideias ganham força por simples fato de as pessoas terem esquecido o passado sombrio que elas trouxeram, o direito de ser quem é e consumir o que gosta já é uma vitória.



Referências Bibliográficas.

DA MATTA, Roberto, O que faz Brasil, Brasil, Ed. Rocco, Rio de Janeiro, 1986.

DURKHEIM, Emile, Lições de Sociologia, São Paulo, Martins Fontes, 2002.

SAFFIOTI, Heleieth I.B. Poder do macho. São Paulo, Moderna, 1987.

 
 
 

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